quinta-feira, 31 de março de 2011

Qual o número minimo de casais por raça?

Esta problemática tem sido muito debatida entre os criadores e não há consenso acerca desta matéria. Obviamente, quantos mais casais criarmos de uma raça mais possibilidades teremos de obter melhores exemplares. Contudo, esta temática não pode ser abordada sem antes atendermos a dois pontos, primeiro qual a raça em concreto e segundo quantas exposições e em que moldes queremos nelas participar.

No primeiro ponto temos de partir de vários pressupostos genéricos como de umas raças criarem melhor que outras e, em abstracto tirarmos mais exemplares, existirem raças que são trabalhadas com recurso a portadores (sendo estes parte da prol e não utilizáveis em exposições) e, por fim, existirem raças que são trabalhadas em linha macho ou fêmea, ou seja, em que somente um dos géneros serve para expôr.

Relativamente ao segundo ponto, se um criador pretender participar em várias exposições deve possuir um número de aves elevado, porque uma ave, em principio, apenas estará apta a participar numa exposição ou, no máximo, em duas. Além deste factor, convém ainda identificar se o criador pretende participar apenas na categoria individual ou por equipas, sendo que neste último caso ter quatro aves de fenotipo semelhante implica, desde logo, um número considerável de opções no plantel.

Acho que esta temática é interessante e, voltando ao inicio, reitero aquilo que escrevi, quantos mais casais tivermos da mesma raça melhor. Também parece não haver dúvidas que a qualidade dos reprodutores marca pontos, porque é sempre preferivel ter menos casais de reprodutores de qualidade do que muitos casais de reprodutores de qualidade inferior. Quando visitamos os criadores mais galardoados de uma determinada raça, verificamos que estes desenvolvem a mesma com muitos casais, não raras vezes com quinze, vinte, trinta casais. Para os pequenos criadores, como eu, esse número significa, muitas vezes, o total dos seus casais divididos pelas diversas raças que criam. É óbvio, que a capacidade nunca poderá ser a mesma, porque dispõem de um leque de escolha mais abrangente e conseguem explorar uma maior diversidade de vectores de acasalamentos.

Voltando à temática, creio que definir um número mínimo é muito complicado por força das várias nuances que abordei e dos objectivos a que se propõe o criador. Para mim, visando participar em duas exposições, no máximo, a nível individual, creio que se deve trabalhar com um mínimo de seis casais. Vou dar um exemplo, seis casais de lipocromo amarelo mosaico/linha fêmea (aves representadas na foto) com uma média de seis aves por casal dará um total de trinta e seis aves. Partindo do principio que nascerão machos e fêmeas em igual número (geralmente até nascem mais machos) dará dezoito fêmeas, destas cinco não terão qualidade, oito serão razoáveis (daqui saiem a maioria das reprodutoras, numa temática que abordarei um dia destes) e as restantes cinco terão qualidade de exposição. Destas cinco aves será muito bom que na altura da exposição estejam aptas três, pois ocorrem sempre factores adversos, como estarem em muda, a terminarem a muda, encontrarem-se debilitadas por algum motivo ou, simplesmente, apresentarem algum defeito circunstancial na plumagem. Perante este exemplo, o criador fica reduzido, das trinta e seis aves iniciais a somente três aves para enviar a uma dada exposição. Podemos até considerar estes números inexactos e, são-no concerteza, pois não têm carácter cientifico algum, mas empiricamente, pela minha experiência, estes números não deverão sofrer um desvio significativo da realidade.

Claro que o referido é também uma auto-critica, porque queremos sempre ter uma variedade de raças sem pensar que dificilmente evoluimos com dois ou três casais. Muitas vezes acontece que simplesmente não temos uma ave para expor de uma raça que criamos, o que não deixa de se desolador. Deixo também aqui um alerta aos clubes, associações, federações, para de uma vez por todas colocarmos de lado as classificações gerais nas exposições e premiar-se apenas as aves mais pontuadas, porque muitos ainda têm o objectivo de ganhar vários prémios em várias linhas para ter uma boa classificação geral!

Além destes factos, um plantel extenso implica uma menor necessidade de adquirir aves a outros criadores, porque há possibilidades maiores de ter no plantel aquilo que se pretende, se bem que adquirir aves para o plantel tenha muitas vezes a ver com questões de consanguinidade no mesmo, para obter outras vertentes genéticas ou, simplesmente, porque a sua qualidade irá introduzir uma melhoria relativamente ao que já se possui.

Posso falar por mim, dando mais um exemplo na raça mais antiga no meu canaril, que são os lizards. Tenho trabalhado o plantel com as minhas aves desde 2008 (em 2007 adquiri os últimos exemplares) e é aqui que tenho obtido os melhores resultados, porque tenho aprendido mais sobre a raça (e isso é fundamental) e porque os cruzamentos não são tiros no escuro, pois conheço bem o genotipo dos exemplares. Evidentemente, de vez em quando pisco o olho a alguns exemplares de outros criadores, mas estes ou não vendem as aves que me interessam ou pedem quantias que entendo não ser razoável dispender e, para adquirir aves de categoria inferior às minhas ou que não tenham aquilo que pretendo, prefiro poupar uns trocos (salvo seja!).

sexta-feira, 25 de março de 2011

Criações

Depois de um inicio algo complicado, as coisas compuseram-se e, neste momento, já conto com quase quarenta aves anilhadas, aparentemente, de boa saúde. Resolvi proceder a alguns ajustes, nomeadamente no que toca a alimentação, adicionando à alpista uma mistura contendo sementes negras. Essa alteração visa o desenvolvimento mais rápidos dos jovens canários e o seu fortalecimento. Para além disso, adicionei FP 20-20 na papa e dou, diariamente, complexo B na água.


Este ano tive algumas canárias que não aceitaram bem as anilhas, o que não deixou de me espantar dado que a cor este ano até é mais discreta que as dos dois anos anteriores.


Duas canárias metiam os filhos fora do ninho, mesmo depois de ter disfarçado as anilhas, o que levou a transferi-los para outras canárias. Não tive mesmo outra solução. Este ninho ficou repleto com cinco lizards, felizmente os pais adoptivos não estranharam o aumento inesperado da família e continuam a alimentar bastante bem.

No ninho em baixo três féos amarelos com dois dias de vida. Como se nota um puro e dois portadores. Continuam a nascer mais portadores que puros, espero que, ao menos, os que nascem tenham qualidade.

Esta é a altura do ano onde o canaricultor tem que dispender mais tempo, porque para além dos afazeres normais, é necessário substituir os ovos verdadeiros por falsos, colocar anilhas, tirar apontamentos, verificar os ninhos e o desenvolvimento dos jovens canários, palitar as aves mais débeis, etc. Faltam apenas três meses para esta época terminar, sendo a mais entusiasmante é também a mais cansativa.







quinta-feira, 3 de março de 2011

No meu baú

Ontem, enquanto procurava uns papéis, encontrei numa gaveta um papelinho dos lizards que inscrevi na exposição do COBL em 2007. Foi curioso porque vem a propósito das discussões recentes que se vão ouvindo e lendo acerca dos julgamentos das aves, da falta de critérios dos juízes, etc. A minha opinião, como acho que já expressei aqui, é que há bons e maus juízes, há bons e maus julgamentos, como há bons e maus criadores e criadores com mais fair-play do que outros.

Voltando ao referido papelinho aparecia as minhas indicações das aves que julgava terem mais qualidade e à frente a nota que lhes foi atribuída pelo juiz. Recordo um macho dourado em que depositava muita esperança que foi "premiado" com 87 pontos, para grande espanto meu quando comparado a outras aves minhas com menos qualidade. É óbvio que nunca me desfiz dessa ave e ainda bem já que a sua descendência me tem dado muitas alegrias. No meu plantel de lizards, que neste momento está reduzido a 23 aves, ainda se encontram mais duas aves de 2007 que participaram na referida exposição e duas outras que adquiri nesse mesmo ano ao Sr. Paulo Alegria e todas elas estão a criar o que é, pessoalmente, um motivo de orgulho, pois a canaricultura não consiste apenas nos prémios que se obtêm, mas também no gosto pelas aves e no seu bem-estar e a sua longevidade é a evidência desse facto.
Este ano também depositava muitas esperanças num macho prateado, também ele "premiado" com 87 pontos. Pois bem, também esse macho faz parte do meu plantel e espero obter dele descendência de qualidade. Trabalhar as aves que temos e criamos ao longo de gerações é um gozo e um prazer que nenhum prémio pode dar. Isto não invalida que para melhorar não se introduzam aves de outros criadores ou porque têm outras caracteristicas ou porque, simplesmente, são melhores.

Em minha opinião, na escolha dos reprodutores as classificações devem ser para o criador um mero indicador e não uma verdade absoluta, porque a ave na altura do julgamento podia não estar nas melhores condições, estar inquieta, o julgamento ter sido apressado, o juíz não ter efectuado uma análise correcta, a luz não ser a ideal, etc. Existem outros e variadíssimos critérios que devem ser utilizados pelos criadores na escolha das aves para a reprodução.